Como Lidar com Ataques de Birra: O Que Fazer e o Que Não Fazer?

Por Bete Rodrigues – Educadora Parental – Especialista em Disciplina Positiva

Como Lidar com Ataques de Birra: O Que Fazer e o Que Não Fazer?

O Que Não Fazer:
  1. Não reaja com agressividade: Evite gritar, brigar, xingar ou punir a criança. Punições podem funcionar momentaneamente, mas não ensinam a lidar com as emoções.
  2. Não ria ou filme a birra: Não trate a situação com humor ou divulgue o comportamento da criança. Isso pode reforçar o comportamento negativo.
  3. Não ceda às exigências: Não ofereça recompensas para interromper a birra. Ceder aos desejos da criança ensina que esse comportamento é eficaz para conseguir o que quer.
  4. Evite negociar durante a birra: Oferecer algo em troca de bom comportamento pode ser tentador, mas não ensina responsabilidade.
  5. Não leve para o lado pessoal: Evite interpretar a birra como provocação pessoal. Tente compreender as razões por trás do comportamento da criança.
  6. Não tente resolver o problema imediatamente: Espere até que a criança e você estejam emocionalmente equilibrados para discutir o problema.
 
O Que Fazer durante o ataque de birra:
  1. Mantenha o controle emocional:
    • As crianças aprendem com nossas ações. Demonstre calma e autocontrole, mesmo diante da birra.
  2. Garanta a segurança de todos:
    • Proteja a criança e as pessoas ao redor. Retire objetos perigosos do alcance da criança para evitar acidentes.
  3. Procure entender a causa:
    • Reflita sobre o motivo por trás do comportamento da criança. Compreender suas emoções é fundamental para lidar com a situação.
  4. Conecte-se com a criança:
    • Demonstre empatia e ofereça apoio emocional. Mostre que está ali para ajudar e entender o que ela está passando.
  5. Demonstre afeto:
    • Um abraço ou um toque gentil pode acalmar a criança. Mostre disponibilidade para ajudar e confortar.
  6. Confie na capacidade da criança:
    • Dê espaço para que a criança vivencie suas emoções e aprenda a autorregular-se. Mantenha-se presente, sereno e empático durante esse processo.
  7. Valide os sentimentos da criança:
    • Identifique e nomeie os sentimentos da criança, mostrando que compreende o que ela está passando.
  8. Ensine estratégias de autorregulação:
    • Ajude a criança a desenvolver habilidades para lidar com suas emoções, preferencialmente em momentos de calma.
  9. Distraindo a criança:
    • Redirecione a atenção da criança para atividades positivas, evitando prolongar o episódio de birra.
  10. Ofereça escolhas limitadas:
    • Permita que a criança tenha algum controle sobre a situação, dentro de limites estabelecidos por você.
  11. Mantenha-se calmo e verdadeiro:
    • Demonstre compreensão, paciência e disposição para ajudar a criança a superar a birra.

O Que Fazer depois o ataque de birra, quando a criança estiver calma:

Depois que a criança se acalmou, é importante conversar com ela sobre o que aconteceu. Faça isso de forma simples e empática, perguntando o que aconteceu e ouvindo com atenção suas explicações.

Após ouvir a criança, faça um resumo sem críticas ou julgamentos, demonstrando compreensão pelos sentimentos dela. Por exemplo, você pode dizer: “Entendi que você estava com raiva porque seu irmão quebrou seu brinquedo e você se descontrolou querendo bater nele.”

É fundamental ensinar à criança que todos os sentimentos são válidos, mas nem todos os comportamentos são aceitáveis. Explique de forma gentil e firme que, mesmo sentindo raiva, não é correto bater em ninguém. Foque em soluções e comportamentos respeitosos, como fazer um acordo com o irmão para resolver o problema.

Além disso, é importante combinar com a criança estratégias para lidar com futuros ataques de birra. Vocês podem até dramatizar uma situação para praticarem juntos. Por exemplo, pergunte a ela como pode resolver conflitos usando palavras em vez de violência.

Vocês também podem criar um sinal não verbal para ajudar a criança a se lembrar de respirar e se acalmar se ela estiver prestes a perder o controle novamente. Essa comunicação aberta e a busca por soluções colaborativas fortalecem o vínculo entre vocês e ajudam a criança a desenvolver habilidades emocionais importantes. Juntos, vocês podem superar os desafios e crescer! 🌟

Lidar com birras pode ser desafiador, mas ao responder com calma, empatia e firmeza, você pode ajudar a criança a desenvolver habilidades emocionais saudáveis. Juntos, podemos promover um ambiente mais tranquilo e amoroso para nossos pequenos! 

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O que é birra? E por que esse descontrole acontece?

Por Bete Rodrigues – Educadora Parental – Especialista em Disciplina Positiva

A definição de birra no dicionário é “1. ato ou disposição de insistir obstinadamente em um comportamento ou de não mudar de ideia ou opinião; teima, teimosia.” Ou “sentimento ou demonstração de aversão ou antipatia, esp. quando renitente e motivado por algum capricho, paixão ou suscetibilidade; implicância, má vontade.”

Como você sabe, normalmente nos referimos à birra infantil quando usamos essa palavra, e a usamos também como sinônimo de “chilique” ou “explosão/descontrole/descarga emocional”. Logo associamos essa palavra à imagem de choro, gritos, violência, desafio, reclamação e resistência a tentativas de pacificação.

Quem nunca viu uma criança chorar, gritar, jogar coisas, jogar-se no chão, bater o pé, xingar, morder, bater nos outros, chutar… enfim, demonstrar que está em estado de sofrimento emocional? Aliás, se nos basearmos nas descrições acima descobriremos que não são apenas as crianças que têm esses famosos ataques de birra, certo?

O primeiro passo é compreender que esse é um comportamento recorrente e até típico, principalmente de crianças pequenas; afinal, a birra também é uma forma de comunicação – sobretudo das crianças não verbais. Os bebês expressam fome, sono, dor, cansaço e muito mais por meio do seu choro. À medida que o bebê cresce e observa como as pessoas ao seu redor se comportam, ele aprende como deve agir para ter suas necessidades e seus desejos atendidos.

E por que a birra acontece?

 
Não é apenas um “descontrole emocional”

Não existe um único motivo para as birras das crianças. Geralmente, elas estão lidando com emoções intensas e não sabem como expressá-las adequadamente.

Um gatilho para as emoções

Pode ser uma negativa, uma frustração, raiva, medo, tristeza, insegurança, dor, fome, sono… Uma série de fatores pode desencadear esse comportamento.

Desenvolvimento cerebral

As crianças ainda estão aprendendo a controlar suas emoções. Seus cérebros ainda estão em desenvolvimento, o que significa que podem ter dificuldades para regular seus sentimentos.

Ambiente estressante

Ambientes estressantes ou violentos podem contribuir para esses episódios. Adultos também podem influenciar inadvertidamente, emitindo sinais de estresse.

Reforço inadvertido

Às vezes, os próprios adultos inadvertidamente reforçam o comportamento de birra, cedendo às demandas da criança quando ela se comporta dessa maneira.

Sinalização de necessidade

Para a criança, o assunto é sério. A birra pode ser uma forma de chamar a atenção, de se relacionar ou de expressar suas necessidades.

Entender e lidar

É fundamental observar e compreender o que desencadeia esses comportamentos para encontrar maneiras eficazes de lidar com eles.

 

No próximo post: Como lidar com ataques de birra? O que fazer e não fazer

Fique ligado no nosso próximo post, onde vamos compartilhar estratégias eficazes para lidar com as birras das crianças.

Juntos, podemos tornar a jornada da educação parental mais tranquila e gratificante! 🌟

 

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8 Estratégias de como lidar com pais não colaborativos dos meus alunos

Lidar com pais que não colaboram pode ser desafiador, mas é essencial abordar a situação com empatia, comunicação clara e estratégias eficazes. Aqui estão algumas abordagens que podem ajudar:

 

  1. Estabeleça uma Parceria: Em vez de adotar uma postura confrontativa, busque estabelecer uma parceria com os pais. Mostre que você está comprometido com o bem-estar e o desenvolvimento da criança e que deseja trabalhar juntos para alcançar os melhores resultados.
  2. Comunicação Aberta e Empática: Mantenha uma comunicação aberta e empática com os pais. Ouça suas preocupações, opiniões e perspectivas com genuíno interesse e compreensão. Demonstre empatia ao reconhecer seus desafios e sentimentos.
  3. Educação e Informação: Forneça informações educativas aos pais sobre questões relevantes relacionadas ao desenvolvimento infantil, comportamento, saúde e bem-estar. Isso pode ajudá-los a entender melhor as necessidades e os desafios de seus filhos.
  4. Estabeleça Expectativas Claras: Comunique claramente suas expectativas em relação à colaboração dos pais no processo educacional e no apoio ao desenvolvimento de seus filhos. Estabeleça metas realistas e alcançáveis juntos.
  5. Envolva os Pais na Tomada de Decisões: Envolver os pais na tomada de decisões relacionadas à educação e ao bem-estar de seus filhos pode aumentar seu senso de responsabilidade e comprometimento. Isso pode incluir discussões sobre planos de educação individualizada, estratégias de apoio comportamental, entre outros.
  6. Ofereça Recursos e Apoio: Forneça aos pais recursos, informações e orientações práticas para ajudá-los a lidar com os desafios específicos que enfrentam. Isso pode incluir workshops, sessões de treinamento, materiais educativos e encaminhamentos para serviços de apoio.
  7. Estabeleça Limites e Consequências: Se os pais continuarem a não colaborar apesar dos esforços de comunicação e apoio, pode ser necessário estabelecer limites claros e comunicar as consequências dessas ações. No entanto, faça isso de maneira respeitosa e profissional, mantendo o foco no bem-estar da criança.
  8. Trabalhe em Equipe: Se possível, envolva outros profissionais, como psicólogos escolares, assistentes sociais ou conselheiros familiares, para oferecer suporte adicional aos pais e à criança. Trabalhar em equipe pode fornecer uma abordagem mais abrangente e eficaz para lidar com desafios complexos.

Lembre-se sempre de que cada situação é única e requer uma abordagem personalizada. Esteja aberto ao feedback dos pais e seja flexível em sua abordagem para encontrar soluções que atendam às necessidades de todos os envolvidos, especialmente da criança.

 

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Barbie não é um filme para crianças

Para a educadora Stella Azulay, o conteúdo de humor ácido e irônico com reflexões sobre equidade de gênero no filme são mais bem compreendidos por adultos e deve filme é “obrigatório” para homens

 

O filme da Barbie – a icônica boneca que se tornou padrão de beleza feminino – não é recomendado para crianças. A afirmação é da educadora parental Stella Azulay. “O motivo é que as personagens abusam do humor ácido e o filme traz reflexões sobre equidade de gênero e patriarcado, tópicos que são mais bem compreendidos por públicos adultos”.

Ela enfatiza: “recomendo para qualquer homem ou marido, para que eles tenham noção da imensa distância que precisamos diminuir em termos de equidade de gênero”.

 

A educadora levantou 3 questões apontadas pelo filme:

1) Desigualdade de gênero

No filme, a educadora aponta situações em que a mulher ainda é vista como frágil e dependente dos homens. “O filme traz a reflexão sobre o quanto ainda as mulheres são tidas como frágeis, e os homens, como poderosos. O mundo é dos homens”, assinala.

Apesar dos avanços em questões de gênero, ainda há muito a ser feito, argumenta Azulay. “O filme Barbie grita na nossa cara o quanto ainda estamos longe de uma situação de relação igualitária. E isso não tem a ver com feminismo, tem a ver simplesmente com preconceitos enraizados.”

2) Sobrecarga invisível

A educadora chama atenção para um tema que considera bastante sensível, a sobrecarga invisível – as tarefas domésticas e familiares pouco valorizadas que, culturalmente, acabam recaindo sobre as mulheres. “A mulher está cansada e sobrecarregada. O trabalho invisível é dela e ninguém percebe, não existe qualquer tipo de reconhecimento, nem da própria mulher”, argumenta.

A sobrecarga invisível é um dos enredos centrais e, para a educadora, o filme acerta ao trazer a questão para os holofotes. “As mães e mulheres que trabalham fora ou  não trabalham fora, acumulam as tarefas domésticas e isso ninguém aplaude. E isso cansa muito, suga as nossas energias”, destaca.

3) Estereótipo feminino

Outra mensagem importante do filme é a criação de expectativas irreais geradas por estereótipos femininos, detalha Azulay. Desde seu lançamento, há décadas, a boneca Barbie possui atributos de beleza considerados inalcançáveis para muitas meninas – loira, olhos azuis e esbelta – e que estão por trás de um sentimento de inadequação.

Para Stella Azulay, tão prejudicial quanto querer corresponder a um estereótipo é se tornar um, mesmo de forma inconsciente. “A Barbie da atriz principal (Margot Robbie) seria a Barbie perfeita, mas foi chamada no filme de estereotipada. E a Barbie estereotipada como perfeita, chora, fica triste, tem pensamentos sobre morte e se culpa por entender que talvez tenha trazido confusão para o universo da Barbielândia. No final das contas, o que  ela desejava mesmo era ser comum”, argumenta a educadora.

 

Sobre Stella Azulay

Stella Azulay é jornalista e educadora parental da Juntos Educação Parental com especialização em Análise de Perfil e Neurociência Comportamental.

Escritora e palestrante. Analista de perfil formada pela Success Tools; extensão em Neurociência Comportamental pela Faculdade Belas Artes; coach de vida e carreira pela Sociedade Brasileira de Coaching; educadora parental pela Positive Discipline Association. Adotou o tema Educação como missão. É mentora e conselheira de pais e adolescentes. Em 2021 fundou e dirige a JUNTOS Educação Parental. É mãe de quatro filhos. Lançou seu primeiro livro em Junho de 2022: ‘Como educar se não sei me comunicar’ e também seu primeiro livro caixinha ‘Conte sua história para seu filho’. Jornalista pela Fundação Cásper Líbero, trabalhou como repórter em emissoras como SBT e TV Record e foi correspondente em Jerusalém/Israel pelo SBT, onde morou por quatro anos.

 

Sobre a Juntos Educação Parental  

A Juntos Educação Parental nasceu a partir de duas empresas criadas em 2011. O Escritório de Desenvolvimento Humano Stella Azulay sempre atendeu executivos, executivas, mulheres procurando melhorar a carreira, que também são pais e mães, adolescentes do ensino médio na fase de decisão sobre a carreira e empresas. A XD Education é uma empresa de tecnologia em educação que já impactou mais de 400 escolas no Brasil, colocando softwares em 3D em salas de aula. Durante a pandemia, Stella promoveu lives e palestras para as escolas da XD Education, uma das clientes do Escritório de Desenvolvimento Humano. Nesses encontros com pais, jovens e educadores, a educadora parental percebeu uma grande demanda e decidiu criar algo mais robusto para atender esse público. Foi da fusão dessas duas expertises que nasceu a Juntos Educação Parental, criada oficialmente em 2021. A missão da consultoria é oferecer conhecimento e bem-estar, empoderando os pais em suas funções educadoras. A meta é que pais bem preparados possam preparar melhor os filhos para os desafios da vida no século 21.

DISCORD : SEU FILHO CORRE PERIGO DENTRO DE CASA !

De repente você percebe algumas mudanças no comportamento do seu filho ou filha dentro de casa. 

As mudanças muitas vezes acontecem aos poucos, de forma sutil, de um jeito  que faz com que nós pais fingimos que não está acontecendo nada. 

Porque é amedrontador imaginar que seu filho pode estar vulnerável em um mundo paralelo que você desconhece. 

Então parece  mais fácil não entrar e não conhecer esse mundo, afinal o que os olhos  não vêem o coração não sente. 

Porém nós somos responsáveis pela segurança física, emocional e mental de nossos filhos. E não olharmos prá dentro dos quartos deles, prá dentro dos celulares deles, é negligência. 

Essa semana o Fantástico trouxe novamente uma reportagem sobre a rede social Discord, que vem conquistando cada vez mais crianças e adolescentes. 

Quando terminou a reportagem eu fui abrir no meu celular o Discord prá ver como era.  

Parece tão fofo, tão bacana, tão amigável. Mas por trás dessa imagem, crimes seríssimos acontecem, e nossos filhos, SIM, NOSSOS FILHOS, podem ser as vítimas, ou quem sabe, até mesmo os algozes. 

Mudanças na personalidade de nossos fihos são normais conforme vão crescendo. Porém certas atitudes não podem ser normalizadas de forma alguma. 

Quando eles se trancam em seus quartos horas a fio, vão dormir tarde porque estão na internet, passam a dissimular claramente quando são questionados, ficam mais calados do que o normal quando estão em família, interagem pouco em casa, e se tornam até um tanto quanto hostis, podem ser sinais de que muita coisa está acontecendo na vida do seu filho e você não tem a menor idéia do que. 

Nessa reportagem recente do Fantástico, tanto os pais dos adolescentes criminosos, que agrediam, chantageavam meninas de 12, 13 anos de idade, quanto os pais dessas crianças adolescentes vítimas, nenhum deles sonhava que aquilo estava acontecendo.  

E eu estou falando de crueldades sem tamanho. Inimagináveis para as idades daquelas pessoas. 

É uma dark web totalmente acessível, convidativa, que não escolhe classe social. Basta estar ali, fragilizada para se tornar uma vítima em potencial. 

O caso do Discord é apenas um alerta gritante para que os pais acordem desse adormecimento. Dessa crença falsa de que é uma fase e vai passar. Ou de preferir pensar que isso jamais aconteceria na sua casa, porque sua casa é uma casa que oferece tudo de melhor pro seu filho e que a relação de vocês é ótima. 

Casas aparentemente felizes, e felizes demais, também tem o teto de vidro. 

E mesmo com a melhor relação do mundo entre pais e filhos, isso pode acontecer assim. Porque a definição de boa relação entre pais e filhos as vezes é muito deturpada. 

Uma relação entre pais e filhos não é aquela em que são amigos simplesmente. Em que se sorri na mesa. Ou se abraça e se beija.  

Uma relação real, é aquela onde pode se falar de tudo, sem medo, sem medo de julgamento e rejeição. Onde todos falam de sentimentos espinhosos. Onde todos colocam suas opinões mesmo que divergentes, na mesa. E essa abertura de diálogo real começa pelos pais.  

É preciso falar sobre tudo, sobre temas reais, sobre o que há de pior acontecendo no mundo, é preciso que se toque em temas desconfortáveis para que se descubra qual a opinião do seu filho a respeito. 

Pais não sabem o que os filhos pensam sobre diversos assuntos que estão aí, pelas ‘ruas da web’. 

Não existe outra saída a não ser amadurecer. Os adultos que educam filhos precisam amadurecer, precisam se empoderar de uma postura educadora. Precisam se debruçar na tarefa de aprimorar a comunicação com os filhos. 

Não aqueles diálogos bobos de ‘oi, tudo bem ?’. Mas de abrir a porta do quarto deles, sentar na cama deles e conversar sobre seus medos e descobrir os medos e carências deles. 

Que os pais estejam abertos a descobrirem que não são perfeitos pela visão de seus filhos. E que o mundo encantado que imaginaram, não existe. 

É uma jornada que vale a pena ser construída com solidez ! Essa é a verdadeira jornada do amor, a que protege encarando de frente as mazelas do século XXI !  

“Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais… Será?”

Elis Regina que me perdoe, mas será que a sua afirmação ainda é válida?

A verdade é que, quando éramos jovens, comumente descartávamos as opiniões de nossos pais sob a alegação de que eles não entendiam nada, que eram antiquados e que o mundo era diferente da adolescência que eles viveram.

Mas, analisando de maneira mais objetiva e factual, quando o assunto era carreira, poucas diferenças conceituais separavam a nossa geração da deles.

A transformação digital ainda era embrionária e os valores ainda eram muito semelhantes sob a ótica intergeracional.

Em ambas as gerações pode-se perceber enormes semelhanças:  o ensino formal era supervalorizado e os estudantes de faculdades de primeira linha tinham uma vantagem bastante acentuada perante os demais.

As carreiras se desenvolviam de maneira linear e, quanto maior o tempo de permanência na mesma empresa e a escalada dentro da hierarquia, mais valorizado o profissional era. A motivação para se dedicar mais era predominante baseada no fator financeiro e a busca pelo equilíbrio emocional era considerado característica de profissionais descompromissados. E a crença era de que quanto maior a semelhança entre os profissionais, maior o alinhamento de ideias, maiores seriam as chances de sucesso.

A liderança agia sob a forma de controle e cobrança e não era responsabilidade dos líderes se envolver nas necessidades individuais dos seus colaboradores.

Voltando ao presente, novembro de 2021, quando nossos filhos adolescentes disserem que não entendemos nada… ELES TÊM TODA RAZÃO!

Pais que se atualizaram e entendem o furacão de mudanças que ocorreram no mercado de trabalho têm plena consciência de que os conceitos descritos anteriormente caducaram”. Hoje vive-se em um ambiente com dinâmicas e valores completamente diferentes. E por isso, os pais que realmente têm interesse de dar suporte e participar de maneira agregadora na decisão de carreira de seus filhos precisam entender o novo cenário.

Antes de mais nada é preciso entender que as profissões serão cada vez mais um dos maiores focos do impacto da transformação digital – e já o são! Muitas profissões deixarão de existir, parcialmente ou em sua totalidade, em função da tecnologia. Por outro lado, muitas outras serão criadas.

Isso faz com que a decisão de carreira que o jovem tome hoje reflita essa previsão de futuro. Profissões que são consideradas nobres, se assim podemos chamar, como médicos e advogados, com o advento da Inteligência Artificial terão seu escopo totalmente remodelado.

Entretanto, áreas de atuação que, hoje, fazem muitos pais torcerem o nariz, como as relacionadas aos “games” são um dos mercados mais promissores, empolgantes e rentáveis para se trabalhar.

Somente uma boa educação em escolas de primeira linha não garante nada. As habilidades emocionais, as famosas soft skills, assumem o lugar mais alto no pódio do sucesso profissional.

Dinheiro apenas não é mais a variável principal na decisão de uma carreira. O jovem prioriza o seu bem-estar, o seu propósito individual e o alinhamento dos seus valores com a empresa onde trabalhar.

Chefes controladores não são mais tolerados. Existe a busca por líderes humanos que inspirem o profissional e entendam que a “personalidade dupla” entre o profissional e o pessoal nunca existe. Somos seres humanos unos e únicos em todas as situações. E caso haja comportamentos diferentes entre essas duas situações, isto nada mais é do que um indício de falta de autenticidade.

Saber que a empresa se preocupa com o meio-ambiente, com o impacto social e tem uma governança séria e confiável também é de enorme relevância para o jovem.

Assim como garantir diversidade de pessoas trazendo visões diferentes, proporcionando a troca de opiniões por primas diversos é de extrema necessidade para longevidade dos negócios.

Todos esses fatores já são suficientes para concluirmos que há um abismo enorme de realidades entre as gerações pré e pós transformação digital. E esse abismo só será reduzido se os pais dos jovens de hoje se predispuserem a entender de maneira empática que o mundo de seus filhos é outro.

Mas a mudança ocorre de forma tão rápida que, independentemente da idade, tudo é novidade. E por isso, sendo os jovens naturalmente menos maduros, qualquer ajuda é bem-vinda, desde que seja alinhada ao momento atual.

A famosa frase “na minha época” literalmente ficou lá na “sua época” …

 

Como lidar, envolver e sensibilizar os filhos com a nova realidade financeira da família?

Primeiramente é essencial que a família converse, contextualize e coloque tudo na mesa para que todos sem exceção saibam a quantas anda a realidade financeira e o momento atual que estão passando. Não tente esconder dos filhos o que acontece, pois você se surpreenderá com o quanto eles são sensíveis e muitas vezes vão até te dizer: “eu já sabia disso”. O momento ideal para conversar é o agora. Não vá deixando para depois e não faça disso um “climão”. Isso é vida real, todos devem ser unidos na alegria e na tristeza e nem todos os dias estamos bem, mas também nem todo o dia está mal, assim também deve ser colocado o tema financeiro. Os sacrifícios do hoje nos levarão as alegrias do amanhã.

Não é segredo para ninguém, inclusive para os jovens, que o país esta em uma crise muito grave, comércios fechados, muitos demitidos e todos mais preocupados em ter uma reserva de emergência.

O correto seria já ter essa reserva, que corresponde a pelo menos seis meses de despesas da família, mas mesmo assim, devido à extensão da crise, até quem fez a “lição de casa” e tinha suas economias, esta vendo que se a situação não melhorar isso vai acabar.

Ser organizado e se planejar são o segredo para qualquer momento financeiro e principalmente para o atual, mas antes tarde do que nunca, e a qualquer tempo podemos melhorar, então o que é necessário?

Vamos envolver TODOS os participantes, todo mundo pode e deve colaborar, inclusive os pequenos. Comece dividindo as tarefas, fale didaticamente como se “morássemos” em um país onde não existe ajuda em casa, então cada um cuida das suas próprias coisas. A mamãe ou o papai, dependendo do combinado será a que vai inspecionar os serviços, e isso pode ser alterado a cada dois dias. Se os filhos são adolescentes, eles também terão sua vez de ser inspetor. Arrumar a cama, lavar a louça, tirar e colocar as roupas ma máquina, tirar o lixo, fazer a comida (os pequenos podem começar com algo fácil como macarrão, salada, ou até pizza de pão de forma). É de extrema importância que todos sintam que estão fazendo a sua parte e ajudando de fato. Não faça por eles, por mais que a tarefa não esteja 100% correta, esta é uma fase de adaptação, tolerância e aprendizado.

Agora vamos falar de dinheiro, em uma reunião com hora marcada e sem celular (pode ser num pós refeição) a família deve fazer um esquema de gastos, pegar papel e caneta e anotar, todo mundo pode anotar a sua idéia e a do outro, partindo da conversa de o que é impossível cortar (luz, água, comida), o que todos podem abrir mão (um super plano de TV, shampoo de marca cara, docinhos importados) e o que alguém se propõe ficar sem (vocês verão que sempre aparecem idéias e que sempre um ou outro decide ajudar). Nesta etapa as coisas tendem a ficar teóricas, mas devem evoluir para a prática através de exemplos reais tais como: Se não diminuirmos as despesas com mercado, não poderemos mais pedir comida em restaurante do final de semana. Se não dispensarmos a ajudante não poderemos mais pagar seu curso extra de inglês. A realidade por mais dura que seja traz a conscientização e com isso eles amadurecem e tem menos frustrações futuramente quando for necessário lidar com um chefe, ou não entrar na faculdade esperada.

E falando em ganhar dinheiro, todos podem fazer alguma coisa para ajudar, colocar num site coisas inúteis para ele e úteis para outros a venda, passear com o cachorro dos vizinhos por algum valor, fazer as compras dos idosos na farmácia e cobrar por isso. Neste momento a questão é ter idéia, e nada mais legal do que conversar para poder abrir a cabeça e descobrir novas sugestões. Dar aulas particulares on line, vender aquele bolo incrível que só você sabe fazer e suas amigas elogiam. E veja bem, não existe vergonha em se virar e pagar as próprias contas, ao contrario, isso traz um sentimento de auto-suficiência e satisfação, onde você se vê como dono d seu destino e isso não tem preço.

Para finalizar te dou uma dica: mãos a obra, literalmente, marque já a reunião de planejamento, inicie já o papo da vida real, aperte o botão da realidade na sua vida. Falo isso como experiência própria sou mãe de quatro filhos, que um dia foram crianças e que nunca deixaram de saber o que acontecia em casa, sempre ajudaram e todos trabalham, ganham seu dinheiro e ajudam sim, dentro dos combinados, porque somos exemplos e devemos andar na mesma linha que pregamos.

Vanessa Blum é Economista, Diretora da Getmoney corretora de câmbio, Especialista em fluxo cambial e taxas de câmbio e faz parte da equipe da Escola de Pais XD, ministrando o curso `Aprenda a educar seu filho para uma vida financeira responsável e saudável´

Empoderamento Pedagógico

Era sexta-feira, ano de 2020, e decidimos que na semana seguinte, a presença dos alunos seria facultativa. Ninguém apareceu … apenas funcionários e corpo docente.

O trânsito havia melhorado muito naquela segunda-feira.

Na escola, rostos alegres dos alunos deram lugar aos olhos arregalados dos adultos presentes.

Os espaços antes lotados pelo burburinho de crianças e adolescentes tornou- se, naquela segunda-feira, um vazio enorme; um vazio transbordando dúvidas, incertezas, medo…

Naquele dia, o Brasil deu as mãos, aos poucos, ao resto do planeta, em um mergulho no mar mais sombrio do qual se tem notícias.

Ruas vazias. Escolas fechadas. Famílias determinadas ao isolamento espontâneo ou forçado. Escolas vazias.

Escolas vazias. Escolas vazias… o som do silêncio e a imagem do vazio ecoa nos meus piores pensamentos.

E agora? A pergunta que não cala, desde então: e agora?

Não é a Educação a única possibilidade real de transformar o mundo? Para mim, sim. Pessoas educadas pela aprendizagem, pensam, agem, interagem…

E agora? Escolas vazias…

Este foi o ponto crucial da reviravolta: a escola dormiu presencial e acordou a distância.

Pesadelo! Medo! Insegurança! Os mais assustadores sentimentos invadiram minha mente, atordoaram meus sonhos, inquietaram meus conhecimentos.

E, de repente, como mágica, acontece o inimaginável : a transformação possível.

Toda uma vida escolar na palma da mão. Que paradoxo : motivação, ensino, aprendizagem, tudo dentro do celular.

Foi aí que defini Empoderamento Pedagógico: a capacidade de transformar sonho em realidade por meio do conhecimento, da criatividade, do engajamento de uma equipe para que a missão educacional permanecesse na mira dos nossos passos.

O dia deixou de ter 24 horas, não havia carga na bateria suficiente para tantas mensagens. Grupos no WhatsApp eram formados como progressão geométrica.

Perguntas sem respostas.

Desde então, tornamo-nos incansáveis; uma legião de Educadores determinados a não deixar que a aprendizagem fosse contaminada por um vírus.

Escolas se uniram para pensarem, juntas, em soluções.

Professores se uniram para descobrir plataformas, dinâmicas, ferramentas para que as salas de aula invadissem as salas de visita.

E deu certo. Esquecer relógio e tempo, visualizar olhos brilhando pelo saber, surpreender e encantar alunos e familiares deram sentido às noites mal dormidas, ao almoço na frente do computador e do celular.

Muita leitura! Muita pesquisa ! E fomos nos abraçando virtualmente, nos emocionando com as descobertas, nos enfeitiçando com as descobertas próprias e alheias.

Toda crise tem uma saída- acredito muito nisto. E a pandemia do Coronavírus trouxe uma outra pandemia: o Empoderamento Pedagógico.

O planeta está pesquisando, aprendendo. Professores não dormem senão debruçados na ansiedade do desconhecido ou na euforia das conquistas.

A primeira aula on-line das escolas presenciais foi um marco histórico ! Envolveu comunicados às famílias, reorganização de horário, cumplicidade do corpo docente. Envolveu o imprevisto da plataforma que poderia não suportar, da internet que poderia falhar de ambos os lados – da escola virtual e da sala de visitas das famílias.

Ah! Tanta coisa neste processo que já dura um ano…

Professores dando aula para professores, criando tutorial para novas ferramentas; professores enviando links com sábias e inteligentes leituras; e os ensaios para gravar uma aula? Como colocar na tela do aluno um link? Tantas novidades foram vivenciadas neste tempo todo!

Não consigo dimensionar a intensidade das 48 horas de cada dia do último ano.

Empoderamento pedagógico! É só no que penso, desde aquela sexta-feira.

É tempo de transformação , de ressignificar nossa escola.

Não tenho dúvida que sairemos diferentes de tudo isto: mais humanizados, mais determinados.

Empoderamento Pedagógico: é o momento de nós, Professores e Gestores Educacionais nos apropriarmos destes novos conhecimentos e agradecer a chance que temos de transformar nossa realidade.

É a vez da escola aparecer como o caminho da socialização, da aprendizagem significativa.

É o momento da sociedade valorizar cada segundo da prática escolar.

É a certeza de que Professores são os mestres da melhor e mais doce missão : despertar no outro o brilho no olhar em cada descoberta.

Era um dia qualquer na minha infância e eu brincava de escolinha.

Era dezembro de 79 e eu me formava Professora.

Era dezembro de 83 e eu me formava Pedagoga.

Era março de 2020 e eu me transformava.

É março de 2021 e continuamos entre presencial, on-line e híbrido… que caminhada transformadora!

Amanhã será um novo dia e nada estará acomodado, apesar das conquistas das equipes. Simplesmente porque acomodar não combina com Educar – a não ser que seja acomodação e assimilação- quem lê Piaget, entenderá.

Dias e noites no caminho da transformação pelo conhecimento.

Empoderamento Pedagógico. Vamos dormir. A escola está empoderada e não tem volta.

Vamos dormir. A Educação está no devido lugar: nos olhos do Planeta.

Não! Ainda não podemos dormir. Meu texto retrata a parcela mínima de nosso Brasil.

Vamos empoderar a Escola para todos. Um longo caminho, mas possível.

Que as noites de insônia tragam , para toda a sociedade, a inquietude do abismo entre as diferentes realidades sociais .

O Empoderamento Pedagógico só tem sentido se atingir a todos.

Após um ano inteiro de novos horizontes, aprendendo a lidar com as perdas e o sofrimento próprio e do outro, imbuídos de empatia, precisamos olhar para o significado de Educar e planejar ações para que o abismo entre o público e o privado seja revertido.

Presencial? On-line? Híbrido? Só faz sentido se for para todos! Sigamos …

Lígia Fleury é Pedagoga, Diretora de escola, Pós Graduada em Psicopedagogia e faz parte da equipe da Escola de Pais XD Ministrando o cursos “Aprenda a participar da vida escolar de seu filho de forma presente e eficiente”.

Uma casa de tijolos

A verdade é que você não vai conseguir proteger seu filho de tudo.
Não tem jeito. Não conseguimos resguardá-los de todos os perigos do mundo, das frustrações, dos obstáculos diários. Inevitavelmente, eles vão se machucar. Alguns sonhos se tornarão realidade, outros não. E nem tudo sairá como o planejado.


E haverá nãos, muitos nãos. Haverá dor e conflitos – internos ou externos. As vezes os dois ao mesmo tempo. Planos podem não sair exatamente do jeito que eles imaginavam. Pessoas mal-intencionadas podem cruzar o seu caminho. Uma pandemia mundial pode chegar e tirar tudo do eixo. Amores podem partir seu coração. Pessoas em suas vidas irão deixá-los – nós, futuramente, também iremos deixá-los. É o ciclo da vida.


Crescer é difícil. Há pedras no meio do caminho, como já dizia Carlos Drummond de Andrade. E não tem jeito, não podemos sair na frente removendo todas as pedras que aparecem por aí na vida de nossos filhos, por mais forte que gostaríamos de fazê-lo. Cada um tem sua luta, sua coleção de pedras.
E nossos filhos também têm as deles.

Mas podemos, sim, ensiná-los a lidar com elas.


Podemos dar uma boa base para enfrentá-las. Podemos construir uma estrutura de tijolos, de madeira ou de palha. Não é segredo que a de tijolos é a mais forte.
Ensine-o desde já que nem tudo está sob nosso controle. Ensine-o a ser flexível para aceitar as mudanças que a vida traz. A ser forte, íntegro e verdadeiro, para que conheça seu próprio valor e saiba que ele SEMPRE poderá encontrar a força que precisa dentro de si. Ensine que as coisas mais belas da vida são as menores.


Ame incondicionalmente, foque no vínculo. Use o diálogo, sempre o diálogo. Esteja lá enquanto ele cresce. Seja uma figura ponderada e consciente, em quem ele possa confiar e se espelhar. A consciência é algo que se almeja e se constrói a cada dia – lendo, estudando, vivendo, observando com atenção o mundo ao redor. Ela traz sensatez, discernimento e aprendizado diário.

Dê aos seus filhos as ferramentas certas para que construam uma linda casa de tijolos. Só assim poderão lidar com os sopros que a vida traz – sejam brisas, vendavais ou furacões.
No mais, oremos para que venham apenas brisas leves e frescas de verão.

Débora Alouan, jornalista e mãe de três, autora do blog filhosemquadrinhos.com. Numa busca eterna por conciliar maternidade, a carreira e a mim mesma.

DEPRESSÃO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

A Depressão na Infância e Adolescência não é algo novo, apenas tardou muito para ser incluída devidamente como doença (somente na década de 70) e, assim, finalmente tratada.
Os primeiros relatos de crianças deprimidas são de 1621, por Robert Burton.
Em 1946, Spitz descreve a depressão analítica em crianças separadas da mãe durante seu primeiro ano de vida, sintomas possíveis de serem revertidos caso a relação mãe-bebê tivesse se restabelecido.
A Depressão na Infância e Adolescência pode se apresentar de maneira bem diferente da do adulto , sendo bastante limitante, com grave prejuízo social e escolar. Daí a importância de um diagnóstico precoce e tratamento adequado.
É importante lembrar que muitos adultos deprimidos iniciaram quadros na infância, na maioria das vezes não tratados.
Existe também uma grande e importante questão em relação a tristeza e depressão. Tristeza é algo em geral reativo, que pode passar com algo prazeroso , por exemplo viajar , e costuma ter uma duração e intensidade limitadas.

Já a depressão é acompanhada de outros sintomas importantes além da tristeza como: perda de prazer, alteração de sono, ideias pessimistas entre outras e costuma ter maior duração e intensidade do que em quadros de tristeza. Ao contrário da tristeza, não melhora com situações prazerosas. Sem tratamento adequado, costuma evoluir para quadros mais arrastados e graves.

QUAL A POPULAÇÃO MAIS ACOMETIDA?
A prevalência do Transtorno Depressivo Maior em pré-púberes (em torno de 2%) e em adolescente ( 6%).
Em geral é levemente mais frequente no sexo masculino até a adolescência e na vida adulta se torna mais frequente no sexo feminino.

DADOS TÉCNICOS SOBRE O QUADRO CLÍNICO
Os transtornos depressivos incluem: transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno depressivo maior (incluindo episódio depressivo maior), transtorno depressivo persistente (distimia), transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado.

A DEPRESSÃO
O transtorno depressivo maior, que chamamos popularmente de apenas de depressão, representa a condição clássica desse grupo de transtornos.
Ele é caracterizado por episódios distintos de, pelo menos, duas semanas de duração (embora a maioria dos episódios dure um tempo consideravelmente maior), envolvendo alterações nítidas no afeto, na cognição e em funções neurovegetativas, com remissões interepisódicas.
O diagnóstico baseado em um único episódio é possível, embora o transtorno seja recorrente na maioria dos casos de acordo com o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) de 2013.

CARACTERÍSTICAS:

  1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). Nota: em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável;
  2. . Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas);
  3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. Nota: em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado;
  4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias;
  5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento);
  6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias;
  7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva e inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meraente autorrecriminação ou culpa por estar doente);
  8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas);
  9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio;
    Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
    Sintomas causados como respostas a uma perda significativa (p. ex., luto, ruína financeira, perdas por um desastre natural, uma doença médica grave ou incapacidade) podem incluir os sentimentos de tristeza intensos, ruminação acerca da perda, insônia, falta de apetite e perda de peso podem se assemelhar a um episódio depressivo. Embora tais sintomas possam ser entendidos ou
    considerados apropriados à perda, a presença insistência deles requer inevitavelmente atenção clínico baseado na história do indivíduo e nas normas culturais para a expressão de sofrimento no contexto de uma perda.NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
    De maneira geral, os sintomas na criança podem diferir bastante do adulto, principalmente nas crianças pequenas. A medida que crescem, passam a apresentar cada vez mais semelhança com a depressão no adulto.
    Em crianças pequenas, a depressão até pode se instalar de maneira aguda, com clara mudança de comportamento, mas, em geral, o episódio depressivo se instala lentamente com questões emocionais de longa data.
    Também é comum posturas de oposição e desafiadoras, hostilidade, oscilação de humor, irritabilidade e crises de raiva. Esses sintomas trazem prejuízos psicossociais e acadêmicos e, mesmo após o tratamento, algumas questões de atraso podem apresentar dificuldades na retomada.
    É comum sintomas físicos como: dificuldade em ganhar peso ou até estatura inadequada para a idade. Ainda insônia ou sono excessivo, agitação ou lentificação psicomotora, cansaço ou perda de energia que ficam evidentes em brincadeiras e questões escolares, sentimentos de menos valia ou de culpa (inclusive com ideias de morte), dificuldade de concentração e consequente queda do rendimento escolar, são sinais deste mal.PRINCIPAIS SINTOMAS POR FAIXA ETÁRIA
    CRIANÇAS ATÉ 6 ANOS (PRÉ-ESCOLARES)
    – verbaliza menos, mas manifesta seu sofrimento através de desenhos ou brincadeiras de conteúdo depressivo, com idéias de culpa, fracasso e até morte (mesmo que nessa faixa etária a morte não tenha conotação de algo definitivo);
    – sintomas somáticos como: dores de cabeça, barriga, cansaço, tontura, medos e irritabilidade;
    – alteração de sono e apetite (inclusive alteração na curva de crescimento pela má ingesta alimentar), perda do prazer de brincar ou ir a escola e agressividade.CRIANÇAS DE 6 A 12 ANOS (ESCOLARES)
    – relatar humor depressivo, tristeza, apatia, irritabilidade, choro fácil, isolamento social, queda no rendimento escolar, falta de prazer por atividades que gostava, medos, vontade de morrer, alteração de sono e apetite, dificuldade de concentração, , baixa auto estima;
    – sintomas físicos como: enurese noturna (xixi na cama), roer intensivamente as unhas, manipulações genitais em excesso, terrores noturnos, crises de choro e de gritos.
    Quanto maior a criança, menos físicos ou somáticos serão os sintomas.ADOLESCÊNCIA
    – irritabilidade, oscilação de humor, explosões de raiva, queda no desempenho escolar, baixa auto-estima e sintomas semelhantes a depressão do adulto.
    – desesperança, culpa, lentificacao psicomotora, isolamento social, tristeza;
    – apatia, falta de prazer e choro fácil;
    – abuso de álcool e drogas ;
    – ideação suicida (se houver tentativa de suicídio a vigilância deve ser redobrada);
    Vale lembrar que a irritabilidade e o comportamento agressivo são comuns nessa idade, principalmente em meninos.

    FATORES DE RISCO
    – Ambientais;
    – Experiências adversas na infância, como vitimas de abusos e maus tratos;
    – Genéticos e fisiológicos;
    – Familiares de primeiro grau de indivíduos com transtorno depressivo têm risco 2 a 4 vezes mais elevado de desenvolver a doença que a população em geral;
    – 50% a 80% das crianças com o diagnóstico, têm histórico familiar de depressão;
    – Doenças como: diabetes, obesidade mórbida e doença cardiovascular são frequentemente complicadas por episódios depressivos,

    TRATAMENTO
    De maneira geral, quadros mais precoces e mais leves, podem ser tratados com

    Ja quadros moderados ou graves acabam necessitando de intervenção medicamentosa (com anti- depressivos ), além de um olhar multidisciplinar com terapeuta, família, escola, entre outros.
    A depressão na infância e adolescência não é um quadro raro. Em geral, cursa com severo prejuízo acadêmico, social e funcional.
    Sendo assim, é importantíssimo que esse transtorno seja percebido pelo entorno: por familiares, escola e profissionais, ou seja, por adultos que estejam próximos das crianças . Assim que percebidas as alterações de comportamento descritas acima, a criança deve ser encaminhada para avaliação de um profissional de saúde mental, especialista nessa faixa etária.]
    Quanto antes identificado e tratado, melhor a evolução e menor o prejuízo para aquela criança, adolescente e familiares.
    Depressão é doença e tem tratamento.

    DANIELLE HERSZENHORN ADMONI
    CRM SP 101404
    PSIQUIATRA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP)
    @psiquiatra_danielle
    Faz parte da equipe da Escola de Pais XD e ministra o curso ‘Aprenda a identificar e lidar com ansiedade, depressão, uso de álcool e drogas e bullying de seu filho’