A verdade é que você não vai conseguir proteger seu filho de tudo.
Não tem jeito. Não conseguimos resguardá-los de todos os perigos do mundo, das frustrações, dos obstáculos diários. Inevitavelmente, eles vão se machucar. Alguns sonhos se tornarão realidade, outros não. E nem tudo sairá como o planejado.
E haverá nãos, muitos nãos. Haverá dor e conflitos – internos ou externos. As vezes os dois ao mesmo tempo. Planos podem não sair exatamente do jeito que eles imaginavam. Pessoas mal-intencionadas podem cruzar o seu caminho. Uma pandemia mundial pode chegar e tirar tudo do eixo. Amores podem partir seu coração. Pessoas em suas vidas irão deixá-los – nós, futuramente, também iremos deixá-los. É o ciclo da vida.
Crescer é difícil. Há pedras no meio do caminho, como já dizia Carlos Drummond de Andrade. E não tem jeito, não podemos sair na frente removendo todas as pedras que aparecem por aí na vida de nossos filhos, por mais forte que gostaríamos de fazê-lo. Cada um tem sua luta, sua coleção de pedras.
E nossos filhos também têm as deles.
Mas podemos, sim, ensiná-los a lidar com elas.
Podemos dar uma boa base para enfrentá-las. Podemos construir uma estrutura de tijolos, de madeira ou de palha. Não é segredo que a de tijolos é a mais forte.
Ensine-o desde já que nem tudo está sob nosso controle. Ensine-o a ser flexível para aceitar as mudanças que a vida traz. A ser forte, íntegro e verdadeiro, para que conheça seu próprio valor e saiba que ele SEMPRE poderá encontrar a força que precisa dentro de si. Ensine que as coisas mais belas da vida são as menores.
Ame incondicionalmente, foque no vínculo. Use o diálogo, sempre o diálogo. Esteja lá enquanto ele cresce. Seja uma figura ponderada e consciente, em quem ele possa confiar e se espelhar. A consciência é algo que se almeja e se constrói a cada dia – lendo, estudando, vivendo, observando com atenção o mundo ao redor. Ela traz sensatez, discernimento e aprendizado diário.
Dê aos seus filhos as ferramentas certas para que construam uma linda casa de tijolos. Só assim poderão lidar com os sopros que a vida traz – sejam brisas, vendavais ou furacões.
No mais, oremos para que venham apenas brisas leves e frescas de verão.
Débora Alouan, jornalista e mãe de três, autora do blog filhosemquadrinhos.com. Numa busca eterna por conciliar maternidade, a carreira e a mim mesma.
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